Esquizofrenia - Introdução
A esquizofrenia é um transtorno psiquiátrico que pode se manifestar de diversas formas em pessoas diferentes, e por conta dessa variedade, pode ser considerada um agrupamento de doenças, em vez de uma doença única e de curso previsível. Sua importância é inegável e ainda é uma considerada uma das dez patologias com mais impacto global na saúde, devido às suas repercussões econômicas e sociais.
Apesar de hoje em dia a sociedade mostrar melhor aceitação dos transtornos psiquiátricos em geral, a palavra ‘esquizofrenia’ ainda é associada automaticamente a várias crenças negativas que contribuem para os sentimentos de isolamento e baixa autoestima dos pacientes. O estigma de que os portadores da patologia seriam perigosos, incapacitados e inadequados se contrapõem aos dados mais recentes de que muitos dos que recebem esse diagnóstico têm evolução boa, diferente do que se acreditava antigamente. Até 20% dos pacientes podem ter recuperação completa.
É encarada atualmente como uma patologia do cérebro que surge de uma interação de fatores genéticos com o meio em que o indivíduo é exposto. Alguns pais e outros familiares se sentem culpados ao se questionar o que teriam feito errado para desencadear o transtorno, entretanto, essa ideia não tem fundamento em evidências.
Sintomas
A esquizofrenia é caracterizada pelos ditos sintomas psicóticos, que nesses casos persistem durante mais de seis meses e muitas vezes até o final da vida do indivíduo. Esses sintomas podem ser divididos, grosso modo, em dois grupos:
-Sintomas positivos: o exagero de características que seriam normais em outros indivíduos. Manifestam-se como uma distorção da realidade (delírios, alucinações, desorganização do pensamento)
-Sintomas negativos: a falta de características que seriam normais em outros indivíduos, como vontade e reatividade emocional. Resultam em déficits, por exemplo, apatia, desmotivação e falta de energia.
Os delírios são uma das características centrais dessa patologia e podem ser definidos como:
Uma crença falsa baseada em inferência incorreta sobre a realidade externa que é mantida firmemente, apesar do que pensam quase todas as pessoas e apesar do que constitui evidência irrefutável e óbvia em contrário. A crença não é aceita comumente por outros membros da mesma cultura da pessoa (por exemplo, não é artigo de fé religiosa)
Há delírios comuns na esquizofrenia como as crenças de que está sendo perseguido ou prejudicado ou acreditar que tem poderes sobrenaturais.
Já as alucinações são alterações dos cinco sentidos, que se manifestam por uma percepção de algo que não existe, por exemplo, escutar vozes quando ninguém fala, ter visões ou sensações físicas sem que haja estímulo para isso. Na esquizofrenia, são mais comuns as alucinações auditivas, principalmente vozes que fazem críticas, ameaças ou comentam o comportamento do indivíduo, que acaba conversando sozinho nesses momentos. Alucinações visuais são mais raras nesses casos, e em pacientes idosos sempre chamam a atenção para outros diagnósticos como a doença de Parkinson, em que esses sintomas são bem mais comuns.
Apesar de todo o sofrimento advindo dos sintomas positivos, os sintomas negativos é que frequentemente limitam o desempenho social e as capacidades dos pacientes a longo prazo. Muitas vezes são erroneamente percebidos por familiares como passividade ou preguiça, porém representam uma alteração comum do transtorno. Também ocorrem sintomas cognitivos na esquizofrenia: prejuízo na velocidade do pensamento, atenção, memória, e capacidade de compreensão. Esses fatores somados resultam em isolamento social, prejuízos profissionais e de relacionamentos interpessoais, principalmente quando não são abordados especificamente. Os indivíduos podem ter dificuldades com o auto-cuidado, para preparar alimentos, administrar finanças, utilizar transporte público ou estabelecer relacionamentos amorosos.