

Depressão - Visão Geral
O nosso humor sofre altos e baixos temporários em resposta aos desafios da vida, e isso é considerado normal. Na depressão, entretanto, a tristeza e a falta de ânimo são mais intensos e comprometem a capacidade do indivíduo de trabalhar, estudar, se relacionar com familiares e lidar com questões cotidianas. É um problema que tem se tornado cada vez mais comum e afeta até 10% de toda a população. Seu impacto é tão importante que é considerada pela OMS a principal causa de incapacidade mundialmente.
Os indivíduos acometidos tendem a se isolar e reduzem as atividades de lazer, o que consequentemente gera situação mais propícia para piora da depressão, como um ciclo vicioso. A própria forma negativa como o deprimido age influencia no modo como as outras pessoas respondem e gera interações pouco produtivas que perpetuam as dificuldades. Em processos patológicos, não se consegue recuperar ou adaptar à situação adversa, daí a necessidade de tratamento específico.

Essa confusão entre o que deve ser considerado normal ou não é comum inclusive entre profissionais de saúde que frequentemente negligenciam o tratamento de depressão por considerá-la uma reação à situação atual. Mesmo nesses casos, são importantes as repercussões nas relações sociais e até mesmo nos danos causados por doenças clínicas. Falas que reforçam mitos são comuns e devem ser evitadas: “ele está tratando um câncer, não tem como não estar deprimido”. Em todos os países do mundo, os diagnósticos tanto para mais quanto para menos são comuns e resultam em abordagem inadequada, seja pela falta de tratamento, seja pelo uso excessivo de antidepressivos.
Sinais e sintomas
Diferentes indivíduos podem manifestar o transtorno de forma bastante diversa, sendo que as mulheres costumam apresentar mais sentimento de tristeza e outras queixas psicológicas e os homens tendem a ter mais raiva, irritabilidade, apatia ou isolamento social. O diagnóstico propriamente dito só pode ser realizado por um médico, porém a identificação de sintomas comuns é importante para busca de assistência.
Os pensamentos do indivíduo deprimido revelam falta de esperança em relação ao futuro, com a crença comum de que sua dificuldade não terá fim. A vida é visualizada sob o ponto de vista dos obstáculos, privações e sacrifícios. Veem a si próprios como inadequados, até mesmo “defeituosos” e sem valor, com frequente sentimento de culpa. O prazer nas atividades preferidas se perde, e há tendência a evitar situações que envolvam responsabilidade ou obrigações. Com a progressão da gravidade, ocorre comprometimento de necessidades básicas como alimentação, desejo sexual e perda de interesse nos vínculos afetivos e familiares. Indiferença passa a atingir então coisas que antes eram importantes, como aparência e emprego. Tendem a fazer generalizações negativas e situações geralmente vistas como neutras pela maior parte dos indivíduos passam a ser interpretadas como ruins, principalmente em áreas da vida que costumavam dar mais valor. Podem, por exemplo, ler rejeição em uma circunstância em que não tenham tratamento preferencial e, o que gerava tristeza transitória, passa a levar a sentimentos prolongados. Sobre os pensamentos de morte, eles podem variar de uma preferência por não estar vivo ou “vontade de sumir”, até ideação suicida com planejamento elaborado.
O mecanismo de desenvolvimento da doença muitas vezes não é claro, e na maior parte das vezes, inclui uma associação de vários fatores. A predisposição hereditária é menos relevante na depressão de início tardio, porém pode ser importante em alguns casos. A presença de outras doenças, inclusive os outros transtornos psiquiátricos, aumentam a chance de depressão. A falta de suporte social e financeiro, além de situações estressantes, pode ser contribuinte. Além disso, pesquisas indicam que danos em áreas especificas do cérebro por neurodegeneração ou isquemia estão implicadas em alguns tipos de depressão, apesar de não existirem exames biológicos que confirmem esse diagnóstico.